Se você ou seu parceire começaram a sentir alguma diminuição na libido é bem provável que se sintam frustrados, mas não precisam entrar em pânico!
Você sabia que a libido é muito mais complexa do que imaginamos?
Ao contrário do senso comum, a libido (ou desejo sexual) não é constante ao longo da vida. O desejo sexual depende de diversos fatores e flutua com o tempo. Portanto, não é incomum que em um certos períodos ela cresça e em outros esteja menor.
A pergunta que mais recebemos por aqui é: como aumentar a libido? E como aumentar a libido feminina?
É importante destacar que a massiva maioria de pessoas que se queixa de baixa libido são mulheres. E esse cenário cria um senso comum de que mulheres são pouco sexuais e que não ligam para sexo. Como consequência imediata, nos ensinam que homens são seres super sexuais e que a libido masculina é sempre alta, como se fosse uma fonte inesgotável, constante e insaciável por sexo. Tudo não passa de duas grandes mentiras.
O que é libido?
Libido não é apenas o termômetro que mede nossa vontade de transar, ela vai bem além do sexo. A libido é definida como uma energia vital que nos move para realizar todo tipo de coisas. Ou seja: é o nosso tesão de viver, de realizar sonhos, projetos, planos e até mesmo de desempenhar tarefas cotidianas. Essa energia que nos move e que também é responsável pelo desejo sexual não é inesgotável.
Todos os dias, de forma inconsciente, fazemos pequenas escolhas de quais atividades vamos gastar essa energia. E não é atoa que por conta das obrigações da vida adulta, somado com a cultura de alta produtividade e performance, nossa libido será toda concentrada no trabalho, no cuidado dos filhos e tarefas do lar. E se analisarmos a rotina da maioria das mulheres, essa jornada tripla diária é constante. E quando elas se dão conta, resta pouca ou nenhuma libido disponível para o sexo.
O primeiro passo para entendermos o que causa o baixo desejo sexual é encontrar em qual a área da nossa vida nossa libido tem sido mais consumida. Sem entender qual é o principal assaltante da sua libido, não há milagre que ajude a aumentá-la.
O que causa nossa libido?
Do ponto de vista químico, a libido é fruto da combinação de quatro hormônios. São eles: dopamina, endorfina, ocitocina e serotonina. Juntos eles causam as sensações de prazer e bem estar. Por isso, são chamados de quarteto da felicidade.
Dopamina
A dopamina participa no organismo do ciclo de recompensa. Ela é quem estimula o prazer no nosso cérebro ao concluirmos tarefas com pouco esforço. Então é sempre uma busca de pouco esforço e muito prazer. Quando isso acontece em alguma atividade, nosso cérebro faz um registro como positivo e prazeroso e nos impulsionando a fazer mais daquilo.
Do ponto de vista sexual, se você se depara apenas com o sexo chato, entediante, previsível, aquele mais do mesmo e que, pra piorar, não prioriza o seu prazer, a dopamina vai gerar um alerta no seu cérebro associando esse momento com uma atividade não prazerosa, que não vale o esforço de gastar energia, por não ter a recompensa do prazer com o esforço que foi realizado. Daí que surge o sentimento de prefiro complete aqui com qualquer atividade do que transar.
Endorfina
A endorfina é o hormônio do prazer. Ela é liberada quando atingimos o orgasmo, além disso funciona como um analgésico natural, alivia dores e a tensão, diminui o stress, fazendo a gente sentir menos desconforto.
Ocitocina
Esse é o hormônio do amor. Ele é quem causa os sentimentos de calma, segurança que são importantes para criar vínculos e conexões afetivas com outras pessoas. Ele também potencializa nosso desejo sexual. Estudos apontam que ele também ajuda a diminuir a memória de experiências ruins e melhora nossa forma de processar informações sociais.
Serotonina
Podemos chamar a serotonina de hormônio da felicidade. Ela é quem equilibra nosso humor, impulsiona o desejo sexual, apetite, sono, memória, aprendizagem e temperatura.
Principais responsáveis pela redução da libido
Antidepressivos: feliz sem tesão ou triste com tesão?
Quando nosso cérebro está predominantemente cheio de endorfina e ocitocina vemos as coisas pelo lado positivo, mais coloridas, o mundo parece um lugar quente e acolhedor. Com o saldo positivo desses dois hormônios conseguimos lidar melhor com as adversidades da vida. Mas, por diversos fatores, pessoas que sofrem de depressão/ansiedade não conseguem produzir esses hormônios na quantidade necessária e precisam do auxilio de remédios antidepressivos para manter o bom funcionamento da mente e do corpo.
Esses medicamentos produzem muita serotonina para o cérebro bem quimicamente. Porém, por conta desse excesso, a serotonina atua contra o orgasmo, pois o corpo fica em um estado de satisfação constante e pouco disponível para a excitação. Por isso é comum quem faz uso contínuo de antidepressivos relatar uma queda considerável na libido e dificuldades em atingir o orgasmo. Nesse caso ficamos o oposto da música “Triste com T” da Pablo Vittar, felizes mas sem tesão!
Anticoncepcionais
Além dos antidepressivos, outras fatores afetam a libido. O uso de anticoncepcionais, o ciclo menstrual, menopausa e alterações na tireoide também podem ser os agentes causadores da baixa libido.
Se você suspeita que a causa da sua baixa libido pode ser hormonal ou devido ao uso de medicamentos, o mais indicado é consultar seu médico e relatar detalhadamente o que está ocorrendo. Ginecologistas, psiquiatras ou endocrinologistas são os profissionais que podem ajudar a adequar dosagens dos remédios.
Fatores socioculturais e psicológicos
Mesmo os hormônios sendo os grandes responsáveis pelo desejo sexual, eles não ditam totalmente a libido. Não se esqueça que ela é multifatorial?
Além dos hormônios, a libido é afetada por fatores socioculturais e psicológicos. Isso significa que nossas experiências vividas influenciam nosso desejo sexual e podem interferir negativamente. Por exemplo: para pessoas LGBTQIA+, o stress diário da LGBTfobia bloqueia a sensação de segurança, afetando a libido. Já pessoas que sobreviveram situações de violência sexual, estímulos sexuais podem ser gatilhos de traumas e entendidos como uma ameaça a integridade física. Para pessoas em condições de vulnerabilidade social, como insegurança financeira, é difícil sentir tesão se estiver preocupado.
Entenda sua libido
Nós aprendemos que a libido é um sistema binário, como se fosse possível apenas dois tipos de configurações: ou ela é alta ou ela é baixa. De acordo com a educadora sexual, Dr Emily Nagoski, devemos entendê-la sob duas perspectivas: quando e como ficamos com desejo sexual. Ou seja, a libido depende do contexto e não é apenas um impulso fixo.
É necessário se sentir bem em diversos aspectos da vida para nossa libido ser direcionada para o sexo. Conheça dois tipos de libido:
Libido Ativa
O que mais ouvimos falar e por consequência aprendemos como o único tipo possível é a libido ativa. E o que é isso afinal? A libido ativa é aquela que surge sem nenhum tipo de estímulo, de forma espontânea. Nesse caso, não tem nenhum contexto erótico ou situação externa que a inicia.
Essa é é a forma mais rara de libido, mas ainda assim, assimilamos erradamente que se você não tem libido ativa necessariamente sua libido é baixa. Na verdade, as pessoas experimentam um tipo diferente de libido.
Libido Responsiva
Se você não se excita facilmente ou de forma instantânea não se preocupe, não há nada de errado com seu corpo! É mais normal do que imaginamos.
A maioria das pessoas tem a libido responsiva, isto significa que é necessário certos estímulos para o desejo sexual iniciar e estar de fato pronta para o sexo. Pessoas com libido responsiva tendem a olhar o sexo sob a ótica: “a recompensa de começar a transar vale o esforço?”; “Os estímulos que eu recebi são bons o suficiente para ter vontade de transar?”.
Outro ponto importante a ressaltar é que a quantidade e o tipo de estímulos para excitar alguém com libido responsiva é algo muito individual.
Como aumentar a libido?
Como a libido é multifatorial, é preciso que muitos aspectos se alinhem para tudo fluir bem. Os fatores químicos não estão muito no nosso controle, porém existem outras coisas que podem interferir e nessas nós temos como atuar.
Confira algumas dicas práticas que podem te ajudar a recuperar a sua libido:
Foque no básico bem feito
Ainda não estamos falando de preliminares. Certifique-se de dormir bem, se alimente adequadamente e hidrate-se. Quando nossas necessidades básicas de sobrevivência estão em ordem, nossa mente entende que nosso corpo está bem cuidado, eliminando eventuais desconfortos que surgem na hora H.
Exercícios físicos também contribuem muito nessa questão. Uma visão positiva do próprio corpo aumenta nossa sensação de bem estar, autoestima e diminui inseguranças relacionadas a autoimagem. Além disso, atividades físicas atuam no componente químico da libido, pois liberam os hormônios do quarteto da felicidade, que ajudam a aumentá-la.
Invista na masturbação
Seja utilizando a mão ou incrementando com o uso de vibradores, com a masturbação você pode conhecer melhor o seu corpo, explorar todas as zonas de sensibilidade, seus limites e estabelecer a autoconfiança. Saber quais estímulos você é mais sensível ajuda inclusive no sexo a dois, pois se conhecendo melhor, é possível direcionar seu par para os estímulos que mais te agradam.
Nossa mente necessita de um ambiente erótico para dar início a excitação, a masturbação é um espaço seguro para começar a criá-lo. Ao se sentir mais confiante e com a libido mais desperta, um convite para a masturbação mútua pode ser um excelente próximo passo para aumentar a excitação a dois.
Avalie a qualidade dos convites e da excitação
Quando nos sentimos emocionalmente seguros e relaxados fica mais fácil se entregar para experiências sexuais. O convite não precisa ser explicito para o sexo logo de cara, ver um filme com cenas picantes, uma massagem pelo corpo todo, namorar no sofá são exemplos de situações simples que despertam nossa libido.
Não fique apenas no “mão naquilo, aquilo na mão”. Explore todo o corpo!
Nossa pele é o maior órgão do corpo humano e tem um potencial excitante gigantesco. Capriche nos beijos, no toque, no cheiro, explore o corpo todo. Não é focando apenas no estímulo genital que sua libido será despertada, mas sim ao explorar o todo.
Crie um ambiente erótico
Se apenas situações sugestivas não são suficientes para você, tente criar um ambiente erótico mais explicito. Troque mensagens picantes ou nudes ao longo do o dia. A excitação começa primeiro no cérebro!
Além disso, assistam filmes sensuais juntos, deixe lubrificantes, vibradores, velas, óleos de massagem e qualquer outro produto erótico próximo da cama. Ter as coisas ao alcance das mãos evita distrações que podem cortar o clima.
Foque nas preliminares. Esqueça o sexo performático, mirando apenas no pênis e na penetração. Sexo não é só penetração! Temos o corpo inteiro pronto para ser explorado.
Equilíbrio é tudo
Agora que você entendeu melhor como a libido funciona e que ela é algo maior que vontade de transar, é nossa energia de viver, fica mais fácil entender de forma consciente o que está contribuindo para diminuí-la.
Seja sua rotina pesada, metas do trabalho, preocupação com filhos, contas a pagar, pandemia, falta de tempo pra relaxar, inseguranças sociais e/ou psicológicas, fica claro que todos esses fatores consomem nossa libido e consequentemente vai faltar energia vital para o sexo. A baixa libido relacionada a problemas fisiológicos reais ou frigidez são raras e acontecem em proporção bem baixa.
Reflita qual área da sua vida tem demandado mais energia e de forma consciente busque equilibrá-la. Nós não precisamos de “remédios milagrosos” pra ter a libido alta de volta.
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